Muro no Pontal de Maracaípe será demolido? Entenda impasse em disputa judicial sobre estrutura que restringe acesso à praia

  • 16/01/2025
(Foto: Reprodução)
Barreira de troncos de coqueiros foi erguida em maio de 2023 e começou a ser retirada na terça-feira (14). No entanto, horas depois, parte da estrutura que tinha sido derrubada foi reconstruída. Muro na praia do Pontal de Maracaípe após reconstrução Reprodução/TV Globo Há um novo impasse em torno do muro que restringe o acesso à praia do Pontal de Maracaípe, no Litoral Sul de Pernambuco. Após quase um ano de disputa judicial, o governo do estado começou a demolir a estrutura na terça-feira (14). Porém, o empresário João Fragoso, dono de um terreno no local e responsável pela colocação da barreira, disse que a operação foi feita sem uma ordem da Justiça e, logo depois, a parte do muro que tinha sido derrubada foi reconstruída. ✅ Receba no WhatsApp as notícias do g1 PE A demolição é executada pela Agência Estadual do Meio Ambiente (CPRH). Em nota divulgada na quarta-feira (15), o órgão afirmou que tem "poder de polícia" para tomar a medida e afirmou que a derrubada está autorizada desde outubro do ano passado, quando a liminar que proibia o governo de demolir a estrutura foi revogada (relembre o caso abaixo). A agência declarou, ainda, que, "diante da resistência ao cumprimento da ordem administrativa e judicial que embasa a retirada do muro", vai buscar a responsabilização dos envolvidos na reconstrução da barreira. Procurado, o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) informou que o caso foi encaminhado para a Justiça Federal, que ainda vai tomar uma decisão sobre o assunto. Em meio a esse impasse, o que acontece a partir de agora? O muro será ou não demolido? Para entender as questões jurídicas envolvidas no caso, o g1 conversou com Marcelo Labanca, especialista em direito constitucional e professor da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). Ele explicou que, desde que a liminar da Justiça Estadual proibindo a derrubada do muro caiu, a CPRH não tem qualquer impedimento para derrubar a construção no Pontal de Maracaípe. “A CPRH não precisa de decisão judicial para derrubar o muro porque ela tem poder de polícia para realizar a retirada. Faz parte da função dela enquanto órgão de fiscalização ambiental. A partir do momento em que não existe mais a autorização para a permanência do muro, ela pode derrubar”, disse o professor. Relatório do Ibama aponta crimes ambientais e questiona licença do governo de PE para construção de muro no Pontal de Maracaípe Além do processo que agora tramita na Justiça Federal, há uma ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal (MPF) solicitando que o empresário João Fragoso seja obrigado a derrubar o muro. Em 17 de dezembro de 2024, o Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5) negou a liminar e determinou a realização de uma perícia para analisar melhor o caso, considerando que há "imprecisões" na argumentação de que a barreira causa impactos ambientais. Segundo o professor Marcelo Labanca, a liminar do TRF-5 não entra no mérito sobre a retirada ou a permanência do muro de coqueiros por parte da CPRH, nem fala se o órgão ambiental pode fazer a demolição. “A decisão não é no sentido de manutenção do muro; é negando que ele (João Fragoso) seja obrigado a derrubar a construção. Mas a CPRH pode derrubar o muro porque ela tem poder de polícia. A função da CPRH deve ser exercitada independente de decisão judicial, porque ela está exercendo a função dela”, explicou o especialista. No meio dessa disputa, a União se manifestou na ação civil pública, declarando interesse na área do entorno do Pontal de Maracaípe. Com isso, o caso voltou a tramitar apenas na instância federal, que deverá tomar uma resolução sobre o impasse. Caso federalizado Muro que dificulta acesso à praia no Pontal de Maracaípe é reconstruído horas após início de demolição A decisão que encaminhou o processo sobre o muro para a Justiça Federal em Pernambuco (JFPE) foi tomada na terça-feira (14). No documento, o desembargador Fernando Cerqueira considerou a manifestação de interesse no terreno por parte da União e afirmou que a Justiça Estadual não tem competência para julgar causas que envolvem entidades e instituições federais. "A Súmula 150 do Superior Tribunal de Justiça estabelece que 'compete à Justiça Federal decidir sobre a existência de interesse jurídico que justifique a presença, no processo, da União, suas autarquias ou empresas públicas'", declarou o magistrado. Por determinação do desembargador, o caso foi remetido à 35ª Vara Federal da Seção Judiciária de Pernambuco. Relembre o impasse Imagem de arquivo mostra muro construído por família no Pontal de Maracaípe Reprodução/TV Globo O muro de 576 metros, feito de troncos de coqueiros, foi erguido em maio de 2023 pelo empresário João Vita Fragoso de Medeiros, proprietário de um terreno localizado em frente à praia do Pontal de Maracaípe. No local, a família Fragoso tem a propriedade de um terreno de mais de dez hectares, desde 1970. Segundo Fragoso, a estrutura de contenção tinha 250 metros de extensão e foi construída com troncos de coqueiro firmados no chão com sacos de ráfia com areia. O muro fica no Pontal de Maracaípe, área turística onde as águas do Rio Maracaípe se encontram com o Oceano Atlântico, vizinha à praia de Porto de Galinhas, no município de Ipojuca, no Litoral Sul do estado. Comerciantes, moradores e turistas denunciaram que a estrutura dificultava o acesso à praia, mas a construção do muro havia sido autorizada pela Agência Estadual de Meio Ambiente sob o argumento de preservação ambiental do local. Em maio de 2024, um ano depois de autorizar a colocação do muro, a CPRH disse que a barreira causava danos ambientais e ordenou que o propietário do terreno derrubasse a estrutura em até 30 dias. Porém, às vésperas do fim do prazo dado pelo órgão, a família Fragoso, proprietária do terreno, conseguiu na Justiça uma liminar proibindo o governo de adotar qualquer medida para remover a estrutura. A decisão foi derrubada em outubro. No dia 6 de junho, a juíza Nahiane Ramalho de Mattos, do TJPE, proibiu a demolição, afirmando que a CPRH não deixou claro como os donos do terreno haviam descumprido a autorização. Também em junho de 2024, o g1 mostrou que um relatório do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) apontava que o muro estava provocando erosão costeira e que tinha 576 metros, mais que o dobro do tamanho autorizado pela CPRH. Ainda segundo o Ibama, os sacos de ráfia utilizados na estrutura estão se desfazendo em detritos e poluindo a área de praia. Em entrevistas anteriores ao g1, João Fragoso afirmou que, há anos, o Pontal de Maracaípe sofria "invasões" de pessoas que cortavam o mangue para fazer festas e que lixo e restos de alimento eram jogados no local. Ainda de acordo com Fragoso, a estrutura foi construída "para preservação de sua propriedade e do meio ambiente, sem avançar na área de uso comum do povo, ou seja, de quando cessam as águas até a vegetação existente no local". Durante a construção da barreira, comerciantes que trabalham no local vendendo alimentos e bebidas denunciaram que a instalação limitava o acesso à praia, principalmente quando a maré sobe e a faixa de areia é reduzida, e que duas barracas pegaram fogo em circunstâncias que, segundo eles, são de origem criminosa. Muro que dificultava acesso à praia, no Pontal de Maracaípe, começou a ser derrubado na terça-feira (14) CPRH/Divulgação VÍDEOS: mais vistos de Pernambuco nos últimos 7 dias

FONTE: https://g1.globo.com/pe/pernambuco/noticia/2025/01/16/muro-no-pontal-de-maracaipe-sera-demolido-entenda-impasse-em-disputa-judicial-sobre-estrutura-que-restringe-acesso-a-praia.ghtml


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